quinta-feira, 21 de março de 2019

Autoapresentação Aline

1. Conheci o nome Hugo Rodas através dos meus professores em Goiânia, Valéria Braga e Rodrigo Cunha. Ambos participaram de alguns projetos e montagens com o uruguaio, entre elas "O Verde Alecrim" (2015/2016). Sobre a obra dele como um todo, nunca tive a oportunidade de assistir a não ser por trechos dessa peça e de outras no youtube. Meu ex-professor, Rodrigo, é negro e já interpretou um transsexual nessa montagem com o Hugo Rodas, e foi por ele que ouvi o nome do diretor pela primeira vez. Antes de ter a chance de conhecer mais a fundo sua obra, antes mesmo do meu próprio professor divulgar o seu próprio trabalho, ele divulgou o preconceito e as provocações ofensivas e agressivas. Entretanto, posteriormente comentaram a intensidade e a sabedoria do Hugo, a relevância do seu trabalho, suas criações e sua experiência no teatro. Além disso, já assisti alguns documentários curtos sobre ele, alguns debates e entrevistas e uma aula gravada.

2. Minhas expectativas sobre essa disciplina são: expandir o pouco que sei sobre os processos criativos, como se dão, quais todas as possibilidades, novos caminhos e ferramentas que estão sendo utilizados para criar, a ética e política por trás deles, a burocracia, questões de documentação e como interferem nesse processo, questões de meios para se elaborar determinados resultados, compreender melhor a importância e relevância dessas teorias e aprender ainda uma gama de outros assuntos que podem atravessar o semestre. Como a pesquisa acadêmica, enfoque nas áreas dentro do meu próprio curso e autodescoberta profissional, conhecimento de ferramentas para estudar meus próprios processos criativos etc.

3. Livros teóricos com vários exemplos e exercícios práticos especificamente para o teatro me marcam muito porque são muito úteis, é uma forma de linguagem que considero muito clara para passar certas mensagens necessárias no teatro que só adquirimos com vivência. Alguns exemplos até o momento presente do curso: "A Porta Aberta" e a trilogia de Stanislavski. Artigos de Sábato Magaldi, Alcir Pécora, Martim Gonçalves, Dias Gomes, entre outros nomes nacionais me foram importantes como base sólida e clássica para que eu compreendesse melhor contexto histórico, interpretações e desdobramentos da cena de pontos de vista tradicionais e elementares. A única peça que li e me estimulou foi Fedra, cuja cena realizei nas minhas provas de habilidades específicas. Todas outras peças, apesar de discussões, interpretações, reflexão e até leitura dramática não chegaram a me tocar e serem úteis ou estimulantes no meu trabalho, de atriz e de aluna, pois não me atravessaram. Não foi pensado e explorado a montagem, a ação, a realidade e existência desses textos, foram textos mortos. Em compensação fui muito afetada pelas minhas próprias leituras de autores como Vinícius Calderoni, Shakespeare, Grace Passô, Matéi Visnec, Angélica Liddell, Pedro Brício, dentre outros. Pois mesmo sem discutir, refletir sobre eles profundamente, realizar montagem ou leituras dramáticas, foram textos vivos em si. Atualmente outros livros já estão me sendo bastante relevantes do ponto de vista técnico, gosto deles pois me oferecem um material conceituado, internacional, específico e teorizado, como obras de Roubine, Patrice Pavis e Margot Berthold.

4. Experimentei, na universidade, processos criativos em quase todas as disciplinas. Em grupo e/ou solos, nas aulas de movimento a criação é rápida, corporal, partindo de certos princípios próprios. Não são processos fáceis, porém são simples. Seja com improviso ou com composição, o processo demanda ação, experimentação, relação e prática. Foram os processos que mais me senti livre e ciente de onde buscar os materiais que eu precisava para criar. Na disciplina de voz trabalhamos apenas em grupos realizando performances que eram resultados da pesquisa da escuta e de poemas, fiquei responsável pela dramaturgia no meu grupo, coletei e fundi os poemas produzidos por cada um, adaptei e coloquei ideias minhas que foram aceitas e sugestões dos demais. Nas aulas de interpretação os mesmos envolvem tema, emoções, texto, situações, construção da cena por parte da atuação, da dramaturgia, da direção, etc. É um processo que acho mais exigente, complexo, portanto que demanda mais pensamento e elaboração. Quando fizemos cena em grupo fiquei responsável novamente pela dramaturgia, já em outras cenas menores e em grupo o processo se dava por diálogo e troca rápida de idéias, algumas permanecem e executamos. Na minha cena solo, tive meses para me preparar e criar, para isso parti do texto. Refiz várias vezes meu texto, mesclei Mia Couto com Clarice Lispector e ainda inseri trechos e reflexões próprias. Tentei criar, pois, em cima dos afetos que aquele texto me causava, as emoções, as imagens, as formas e estados que eu recebia do texto, criando como dar elas para o público. Não foi um desafio traduzir o que aqueles autores me diziam em movimento ou transformar as palavras e seus afetos em mim para minhas ações, para meu corpo. Foi um desafio me descolar do texto, me distanciar mais para me sentir mais livre e autônoma e produzir para além de uma simples tradução do que já estava dito. Também foi um enorme desafio fazer com que esses mesmos afetos alcançassem as pessoas que me assistiam da forma que eu planejava. Seja por termos técnicos, como simplesmente não ser escutada, ou não ser capaz de conceber ao mesmo tempo cenografia, maquiagem, figurino, direção, etc.

5. Entendo como processo criativo qualquer procedimento, individual ou em grupo, que pode partir de vários lugares resultando em uma obra criada, nova e original. Tais lugares, a fonte e também os meios desse ponto de partida da criação, são explorados no processo. Por isso, uma infinita, imaterial e dilatada pesquisa e estudo sobre essas teorias e métodos de criação.

6. Minhas habilidades artísticas são: Toco piano. Já fiz canto e participo de um coral. Dramaturgia, direção e interpretação teatral, são minhas maiores afinidades dentro do curso. Desenho amadoramente. Fotografo com menos amadorismo. Gosto muito de escrever contos, cenas, histórias curtas, além de poesia e textos livres. Mesmo que em nível inicial faço um trabalho de pesquisa corporal para além das aulas de movimento e linguagem do departamento, já fiz dança também. Apesar de ter escrito peças nunca publiquei nenhuma e minha experiência em direção é apenas informal, por enquanto.

7. Minhas outras habilidades são: línguas (inglês fluente, francês básico e alemão básico).











Nenhum comentário:

Postar um comentário